O Brasil, ao longo do século XX, atravessou um processo de transição demográfica, que subdivido em 4 estágios: elevadas taxas de natalidade e mortalidade (A); queda na taxa de mortalidade e relativa manutenção da taxa de natalidade (B); queda brusca na taxa de natalidade simultânea a uma queda branda na taxa de mortalidade (C); e taxas de natalidade e mortalidade baixas com tendência de diminuição e posterior estabilização (D).
Até meados da década de 1940 o Brasil possuía uma estrutura demográfica aberta, ou seja, as migrações representavam um fator considerável nas mudanças populacionais. A partir da década de 1950, essa estrutura demográfica se fechou e passou a depender basicamente da diferença entre nascimentos e mortes para sofrer modificações.
Nesse momento o Brasil possuía elevadas taxas de natalidade e mortalidade (A). A natalidade elevada se explica pela organização social vigente. Por possuir uma considerável parcela da população vivendo no meio rural, onde, principalmente para as classes mais pobres da época, ter muitos filhos era sinônimo de aumento da força de trabalho e, consequentemente, de renda para a família, o Brasil manteve uma elevada taxa de natalidade. Além disso, a precariedade dos serviços relacionados à saúde (e principalmente seu acesso por parte da população) explicava a elevada taxa de mortalidade.
Com esse quadro em mente (elevadas taxas de natalidade e mortalidade, além de baixa expectativa de vida ao nascer), chega-se à conclusão que o Brasil possuía em meados da metade do século XX uma pirâmide etária de base alargada e topo estreito, ou seja, um país basicamente composto por jovens.
Ou seja, a correta gestão do país exigia elevados investimentos em educação básica e em saúde pós-parto e da criança. Por não possuir considerável parcela da população composta por idosos, preocupações concretas com a previdência social ainda não estavam presentes.
Após a ocorrência da transição demográfica, a parcela da população idosa do país aumentou (fato também decorrente da elevação da expectativa de vida ao nascer, hoje ultrapassando os 77 anos no Brasil), passando a pirâmide etária ter o “meio” e o topo maiores que anteriormente, contraindo-se a base. Ou seja, passamos a ter mais adultos e idosos e, com isso, os desafios das primeiras décadas do século XXI passaram a ser: gestão da previdência social, da saúde pública e capacitação de potenciais profissionais para o mercado de trabalho, onde a oferta de vagas costuma não acompanhar a demanda pelas mesmas.
Neste ano de eleição presidencial, alguns questionamentos precisam ser levantados, tendo em vista a reflexão acima:
ü Como o presidente (a) eleito (a) agirá em relação a essa mudança da população brasileira?
ü Há políticas sustentáveis de organização da previdência social que não causem um rombo orçamentário?
ü E o aumento da demanda por empregos? Há como gerar mais de 1,5 milhões de empregos por ano?
Fica o desafio para os presidenciáveis...
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