segunda-feira, 5 de julho de 2010

Demografia Brasileira no Século XX e Desafios para o Século XXI


O Brasil, ao longo do século XX, atravessou um processo de transição demográfica, que subdivido em 4 estágios: elevadas taxas de natalidade e mortalidade (A); queda na taxa de mortalidade e relativa manutenção da taxa de natalidade (B); queda brusca na taxa de natalidade simultânea a uma queda branda na taxa de mortalidade (C); e taxas de natalidade e mortalidade baixas com tendência de diminuição e posterior estabilização (D).

Até meados da década de 1940 o Brasil possuía uma estrutura demográfica aberta, ou seja, as migrações representavam um fator considerável nas mudanças populacionais. A partir da década de 1950, essa estrutura demográfica se fechou e passou a depender basicamente da diferença entre nascimentos e mortes para sofrer modificações.

Nesse momento o Brasil possuía elevadas taxas de natalidade e mortalidade (A). A natalidade elevada se explica pela organização social vigente. Por possuir uma considerável parcela da população vivendo no meio rural, onde, principalmente para as classes mais pobres da época, ter muitos filhos era sinônimo de aumento da força de trabalho e, consequentemente, de renda para a família, o Brasil manteve uma elevada taxa de natalidade. Além disso, a precariedade dos serviços relacionados à saúde (e principalmente seu acesso por parte da população) explicava a elevada taxa de mortalidade.

Com esse quadro em mente (elevadas taxas de natalidade e mortalidade, além de baixa expectativa de vida ao nascer), chega-se à conclusão que o Brasil possuía em meados da metade do século XX uma pirâmide etária de base alargada e topo estreito, ou seja, um país basicamente composto por jovens.

Ou seja, a correta gestão do país exigia elevados investimentos em educação básica e em saúde pós-parto e da criança. Por não possuir considerável parcela da população composta por idosos, preocupações concretas com a previdência social ainda não estavam presentes.

Após a ocorrência da transição demográfica, a parcela da população idosa do país aumentou (fato também decorrente da elevação da expectativa de vida ao nascer, hoje ultrapassando os 77 anos no Brasil), passando a pirâmide etária ter o “meio” e o topo maiores que anteriormente, contraindo-se a base. Ou seja, passamos a ter mais adultos e idosos e, com isso, os desafios das primeiras décadas do século XXI passaram a ser: gestão da previdência social, da saúde pública e capacitação de potenciais profissionais para o mercado de trabalho, onde a oferta de vagas costuma não acompanhar a demanda pelas mesmas.

Neste ano de eleição presidencial, alguns questionamentos precisam ser levantados, tendo em vista a reflexão acima:

ü Como o presidente (a) eleito (a) agirá em relação a essa mudança da população brasileira?

ü Há políticas sustentáveis de organização da previdência social que não causem um rombo orçamentário?

ü E o aumento da demanda por empregos? Há como gerar mais de 1,5 milhões de empregos por ano?

Fica o desafio para os presidenciáveis...


sexta-feira, 11 de junho de 2010

sábado, 24 de abril de 2010

Nota de falecimento


Meu vídeo-game.
*2007 +2010

Andrade: O técnico do SPFC


Caro Juvenal Juvêncio,

Venho encarecidamente solicitar que Vsª demita o atual técnico, Ricardo Gomes, e o substitua pelo recém-desempregado Andrade. Tenho em vista que o RG é um mão-fraca, amarelão e que escala o Washington (só o RG e a mãe do W9 acham ele bom), medido está fundamentado, uma vez que o Sr. Andrade obteve um aproveitamento de 70% no comando de um time sem elenco. Imagina o que ele seria capaz de fazer no SP?
Parece que Vsª só contrata técnico retranqueiro! Será que não entra em vossa cabeça que ganha quem faz mais gols (taí o Santos pra provar isso)?
Sem mais, aguardo vossa atitude.
Atenciosamente,

Ildo

domingo, 18 de abril de 2010

O Soluço do Dragão


A inflação (e principalmente as medidas adotadas para o seu combate), norteou as pautas de discussão dos economistas brasileiros das décadas de 1980 e 1990. Em um período de 15 anos o Brasil apresentou uma inflação acumulada de 20,7 trilhões percentuais. Após inúmeras tentativas frustradas de combate à elevação desenfreada dos preços, que vão desde o congelamento dos preços, como plano cruzado, até o seqüestro de liquidez, como fez o presidente Collor em seus dois planos, a estabilização dos preços foi alcançada com o plano real, que utilizou a anteriormente ignorada proposta dos economistas Persio Arida e André Lara Resende.

As políticas econômicas brasileiras não tinham como ter olhos para outros assuntos que não a estabilização dos preços. Os anos 80 ficaram conhecidos como “a década perdida”. A primeira metade dos anos 90 também pode receber semelhante rotulação. Foi um período muito traumático para os brasileiros, principalmente para a população de baixa renda, esmagadora maioria do país.

A contrapartida para a manutenção da estabilização foi a imposição de juros estratosféricos em nossa economia. Deixamos de ser recordistas em inflação para tornarmos campeões em juros. Segundo a visão de nossas autoridades econômicas, um trade-off justo.

Eu tinha a impressão que havíamos superado o trauma da inflação. Porém, com os recentes dados do IPCA e a expectativa inflacionária (que é um fator importante para a elevação da inflação), me fizeram cair na real e concluir que este monstro ainda nos assusta.

Muitos economistas acreditam que a inflação é uma espécie de calor dissipado do funcionamento de um motor. Ou seja, se tivermos uma economia aquecida, com os agentes realizando constantes trocas, necessariamente teremos elevação inflacionária. Com esse pensamento, a atual recuperação do Brasil representa um risco inflacionário.

O Brasil acumula de janeiro a março de 2010 uma inflação de 2,06%, um número muito acima do apresentado em 2009, 1,23%. Há quase um consenso que o IPCA ficará acima da meta do Banco Central de 4,5% em 2010. Esses números certamente farão o Comitê de Política Monetária, o COPOM, lançar mão do seu método de controle inflacionário: a taxa SELIC, que vem em uma trajetória de queda e deve começar a subir.

A manutenção da taxa SELIC em 8,75% a.a na última reunião contou com 5 votos a favor e 3 contra (estes queriam uma elevação de 0,5% na taxa). Este é o sinal que certamente em sua próxima reunião no final de março, o COPOM deve elevar os juros para manter a inflação sobre controle.

O passado recente ainda rege muitas das ações das autoridades de política monetária. Ainda temos medo do dragão da inflação. É esperar a próxima reunião para conferir.

segunda-feira, 1 de março de 2010

O Mundo Precisa do Zé

Sei que a generalização não é uma característica positiva quando se trata de análise, no campo de qualquer ciência, principalmente das sociais. Palavras como “tudo” e “sempre” são expulsas do vocabulário dos aventureiros que se metem a analisar a sociedade. Contudo, há alguns elementos que sempre estiveram presentes em tudo quanto é forma de organização social humana mais complexa. Desde que se tem notícia do mundo, parte significante da sociedade possui o papel de trabalhar para o benefício de outrem, principalmente de forma braçal.

Na visão dos ocidentais, trabalhar utilizando a força física, ou habilidades físicas, ou qualquer ofício que não seja considerado intelectual é coisa de animais. Irônica sociedade a nossa: em sua essência gera o elemento que é desprezado. É impossível e inimaginável uma forma de organização dos seres humanos sem a presença dessa figura. Quem ergueria Atenas, os filósofos?

Toda sociedade precisa do bode expiatório de suas mazelas. Quem é a fonte das maldições, a explicação de todas as desgraças? Segundo a minúscula minoria que sempre brava e merecidamente desfruta dos benefícios da sociedade em que está inserida, é essa gigantesca maioria das pessoas que tornam o mundo um lugar horrível. Os filósofos odiavam os escravos; os patrícios, a plebe; a nobreza medieval e a igreja católica, os servos; e finalmente os {INSIRA AQUI O NOME QUE VOCÊ CONSIDERA ANÁLOGO PARA A CONTEMPORANEIDADE}, os indivíduos desqualificados profissionalmente. Afinal, quem é que lota as filas do SUS e do INSS? Quem possui filhos na escola que não conseguem tornarem-se alfabetizados?

A personificação perfeita dessa figura social é o Zé. Isso mesmo, você pensou no jardineiro da sua casa, no pedreiro que seu pai conhece, ou no motorista do ônibus que eventualmente você já tomou, né? Ninguém quer ser o Zé. Mas a esmagadora maioria dos indivíduos que convivem em sociedade o são.

Quando será que entenderemos que precisamos desse cara? Quem vai limpar a sugeira, executar o que planejaram? Difícil admitir que se depende de alguém, não? Tudo isso de que nos gabamos seria inviável num mundo apenas com planejadores, controladores, avaliadores.

Fico pensando no dia em que o sindicato dos lixeiros resolver cruzar os braços e exigir atenção... Deve ser por isso que a instrução nunca foi universalizada.